Quando visitas Lisboa, creio que procuras uma forma de desacelerar e apreciar a cidade de uma forma mais autêntica e sustentável. O cityslow é decorrente do movimento slow que procura contrair o turismo convencional, promovendo um turismo mais sustentável e lento.
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Recentemente, li sobre os problemas e preocupações dos destinos em combater o "overtourism", também conhecido como turismo de massas. É uma realidade que já conheço desde o tempo em que estudei turismo no ensino secundário. E, cada vez mais, debate-se este tema.
Algumas medidas para controlar o seu crescimento incluem o regulamento de fluxo de visitantes, o aumento da taxa turística, a proibição de construção de novos empreendimentos turísticos, limitação do grupo de turistas, entre muitas outras medidas.
O turismo de massas é, de facto, um problema. Pode levar à destruição e fragilização do património cultural, banalização da cultura, aumento da poluição e à desvalorização da comunidade local.
O turismo não é somente chegar a um local, tirar uma fotografia e ir embora.
É muito mais do que isso. Através do turismo, abrimos horizontes, alargamos o nosso conhecimento, protegemos o património, contribuímos para a economia local e aprendemos a respeitar outras histórias e culturas.
A importância de abrandar
Abrandar o ritmo é importante. Digo até que é essencial desacelerar para apreciar e viver o destino que escolhes. A agitação do dia a dia é cansativa, então, porque não optas por acalmar nas tuas pausas?
Quem conhece o meu trabalho e quem usufrui das minhas walking tours sabe que eu defendo um turismo lento e sustentável. Esse também foi um dos lemas importantes para a criação do meu negócio. As walking tours são uma pausa, um momento para te conectares e, em simultâneo, conheceres uma cidade histórica como Lisboa.
Defendo a importância do património cultural. Ensino sobre a sua valorização. Incluo a mulher e a sua história no meu trabalho. Porque só assim pode ser - um turismo lento numa cidade como Lisboa.
O que é o cityslow?
A Segunda Guerra Mundial consistiu num ponto crucial para o turismo contemporâneo. Começou por ser acessível à grande maioria da população e refletia o estilo de vida da sociedade ocidental: o ritmo frenético, onde a quantidade era valorizada.
Rapidamente o turismo mundial passou a ser dominado por um turismo massificado. Isto levou a que novas formas de pensar dessem origem a um movimento importante. Era urgente (ainda o é) abrandar o ritmo e, por essa razão, em 1986, nasce o movimento slow.
Este movimento contraria tudo o que é normal. Privilegia a qualidade em vez da quantidade, afastando um turismo rápido e valorizando um turismo lento. Escrevi um artigo sobre o tema no meu blog, se tiveres interesse em ler podes clicar aqui e ler mais sobre o assunto.
Oriundo da Itália, em 1999, o movimento cityslow, ou cittaslow, é uma extensão do movimento slow food, que foca em cidades que valorizam a qualidade de vida, a sustentabilidade e a preservação das tradições locais.
Estas cidades promovem um ambiente onde o ritmo é mais lento, permitindo que os moradores e os visitantes apreciem os pequenos prazeres da vida, que vão desde a gastronomia local até às festividades tradicionais.
O movimento da cidade lenta
Algumas cidades têm repensado no seu turismo e procurado estratégias que tentam diminuir o impacto negativo da atividade turística.
O movimento slow citties assenta num modelo de economia urbana que procura um desenvolvimento urbano sustentável, mediante programas e ações que protejam o meio ambiente e a proteção e valorização do património, cultura, história e igualdade social.
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A sociedade contemporânea está constantemente à procura do estímulo. Mais do que nunca explora descontroladamente os recursos.
O resultado?
Perde-se a identidade, os ideais, a pluralidade cultural. Perde-se a conexão, a emoção e a autenticidade.
Acredito que o turismo sustentável não é um nicho. É uma urgência, uma necessidade face ao descontrolo e à massificação que se assiste. Mais do que nunca, devemos repensar nas nossas ações enquanto turistas e viajantes.
Princípios do movimento slow nas cidades
Andar a pé, proteger o meio ambiente, respeitar a cultura, proteger e valorizar o património cultural, respeitar os costumes e tradições, comer com tempo, apoiar a economia e o comércio local, viver mais devagar e com qualidade num mundo rápido é o pressuposto assente no movimento slow citties.
Turismo lento em Lisboa: é possível?
Lisboa é uma cidade fabulosa. Cheia de magia, vida, história e cultura que faz com que seja procurada por diversos viajantes.
Praticar o conceito de slow citties na capital portuguesa pode ser desafiante, mas é possível. Defendo que o primeiro passo para pôr em prática uma viagem lenta é adotar a mentalidade e ações mais responsáveis, conscientes e sustentáveis.
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Lisboa, com a sua rica tapeçaria de história e cultura, é uma cidade que encanta qualquer pessoa que a visita. A energia vibrante que se sente nas ruas de Alfama, a modernidade do Parque das Nações ou a elegância de Belém fazem com que a cidade seja um destino dinâmico e cosmopolita.
Dicas para desacelerar na tua viagem a Lisboa:
Como viajante apaixonada por experiências autênticas e pelo valor da cultura e do património, desacelerar em Lisboa é uma forma de mergulhar em nós próprias. Alinhada com a filosofia de cittaslow é possível apreciar a cidade num ritmo muito mais lento.
Deixo-te algumas dicas para uma viagem mais lenta e tranquila em Lisboa.
Passeia a pé pelos bairros históricos
Lisboa é uma cidade que deve ser explorada a pé. Dedica um tempo para caminhar pelos bairros históricos, como Alfama, Mouraria e a Graça. As ruas estreitas, as casas coloridas e os azulejos decorativos contam histórias de séculos passados.
Aconselho-te a perderes-te intencionalmente nessas ruelas para descobrires cafés locais, lojas de artesanato e vistas deslumbrantes que muitas vezes são esquecidas pela pressa.
Aproveita os miradouros
Os miradouros de Lisboa são locais perfeitos para descansar um pouco e apreciar a cidade. Miradouros como o do Monte, São Pedro de Alcântara ou Portas do Sol oferecem vistas bonitas. De manhã, quando a cidade ainda por acordar, encontras nestes lugares um momento quase místico.
Ao final do dia, é o ponto de encontro para o pôr do sol. Leva um livro e aproveita a vista e o ambiente, permitindo-te um momento de tranquilidade e reflexão.
Experiencia a gastronomia local
Uma das melhores formas de desacelerar em Lisboa é através da sua gastronomia local. Esquece as refeições rápidas e dedica o teu tempo a desfrutar do verdadeiro sabor da comida. Visita restaurantes locais que quase sempre estão escondidos nos bairros históricos e visita mercados como o Mercado de Campo de Ourique, onde podes provar alimentos frescos e pratos tradicionais. Opta por uma refeição longa e descontraída.
Visita a museus e jardins
Dedica tempo a enriquecer a tua mente. Visita museus que oferecem uma visão profunda da cultura e história de Lisboa, como o Museu de Lisboa, Museu do Fado ou o Museu Nacional do Azulejo.
Após a visita, relaxa num jardim da cidade e respira o ar puro, que só bem te faz. Lisboa oferece uma infinidade de espaços verdes que atuam como pequenos refúgios. É o caso do Jardim da Estrela, Jardim Amália Rodrigues ou até o Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian.
Pratica atividades ao ar livre
A capital de Portugal também se destaca pelos espaços verdes e atividades ao ar livre que promovem um estilo de vida mais lento e saudável. O Parque Eduardo VII ou o Parque das Nações são ótimos locais para fazer caminhadas, piqueniques ou simplesmente para relaxar ao sol.
Para cultivar a tua saúde cultural, podes experimentar uma walking tour pela cidade e se te atreveres podes explorar a cidade sob outra perspetiva, como a lente feminina. Ao final do dia, experimenta um passeio de barco no rio Tejo.
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Na pressa de viajar, não te esqueças de viver o presente. Desfruta de Lisboa ao teu próprio ritmo.
Desacelerar em Lisboa é uma forma de descobrir a autenticidade da cidade. Ao adotares um ritmo mais lento e consciente podes apreciar muito melhor a riqueza cultural, beleza natural e o espírito cultural de Lisboa.
Se és uma mulher viajante que valoriza experiências autênticas, Lisboa é o cenário ideal para uma imersão profunda. Então, da próxima vez que visitares Lisboa, desacelera, respira fundo e permite-te saborear cada momento desta cidade encantadora.
Queres descobrir Lisboa de uma maneira autêntica e significativa?
Se estiveres à procura de uma experiência turística que vá além dos pontos turísticos habituais, estou aqui para te ajudar. Ofereço walking tours em Lisboa, projetados para quem valoriza a conexão com a cidade, a compreensão histórica e uma abordagem mais lenta do turismo.
Se estiveres interessada em aprender sobre as vozes silenciadas, conquistas esquecidas e contribuições das mulheres ao longo da história de Lisboa, estou aqui para te guiar nessa jornada.
Se tiveres alguma dúvida ou precisares de mais informações, estou à disposição para te ajudar.
Até breve!
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