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Tour feminista em Setúbal: quando a história da mulher inspira o turismo educativo

  • Foto do escritor: walkingtourwithvanessa
    walkingtourwithvanessa
  • há 9 horas
  • 4 min de leitura

Empreender num nicho tão específico é um daqueles desafios tão grandes que nos fazem duvidar todos os dias. Porventura, o caminho é sempre em frente — a missão deve ser dada a conhecer, por um mundo melhor.


Fui convidada por uma docente da Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal a mostrar aos alunos como se concretizam os percursos pedestres feministas, porque importam e, acima de tudo, levar inspiração àqueles que serão o futuro do turismo em Portugal.


Tour feminista em Setúbal

Uma manhã num tour feminista em Setúbal


O ponto de encontro era a entrada principal da escola, pelas 9h da manhã. A manhã estava fria, com vento e ameaça de chuva. Mas, logo depois, o tempo tornar-se-ia uma maravilha para contar histórias femininas inspiradoras.


Foram três turmas, quase um total de 50 alunos de nível V. A primeira começou pelas 9h20 e, após uma breve apresentação, iniciámos o percurso que daria a conhecer as mulheres que também moldaram Setúbal. As duas turmas seguintes juntaram-se pelas 11h15.


O tour feminista em Setúbal foi pensado e desenhado por mim e apresentado à docente com a duração de uma hora, respeitando o tempo normal de uma aula e garantindo uma experiência leve e agradável.


Confesso que foi um desafio tão gratificante quanto exigente, uma vez que nunca tinha estado em Setúbal antes. Todo o processo — desde a seleção das mulheres até ao desenho do percurso — envolveu meses de pesquisa, estudo e reconhecimento do terreno. Porque, sim, é necessário e obrigatório conhecer o território onde vamos trabalhar.


A desmotivação dos alunos e o futuro do turismo


Se há algo que ficou claro tanto na minha interação com os alunos como nas conversas com a docente foi a grande desmotivação dos alunos de turismo e hotelaria.


Essa perceção já me havia sido partilhada por um antigo professor meu, que também me confidenciou o desinteresse geral entre os estudantes. E este é um tema que preocupa, porque estamos a falar dos futuros profissionais do turismo — e, quem sabe, de futuros empreendedores.


Ao falar deste assunto, trago ao artigo de hoje uma notícia de 2024 da TNews que confirma precisamente esta tendência. Conforme os dados, os cursos de turismo estão a perder terreno face a outras áreas, e há uma desmobilização dos alunos, associada à falta de atualização das ofertas formativas e à distância entre o que se ensina e o que o mercado realmente exige.


grupo de estudantes a fazer um tour feminista em setúbal

Desmistificar o turismo e devolver-lhe propósito


Na minha ótica, é urgente desmistificar o turismo e a ideia errada que muitas vezes é vendida nas redes sociais, por exemplo. O turismo não é — e nunca foi — apenas sobre viagens ou lazer.


Trabalhar no turismo é, antes de tudo, servir o outro. É uma servidão que acrescenta valor: seja num restaurante, num hotel, numa agência de viagens, num walking tour ou em qualquer outra atividade turística.


O estudo da TNews reforça este ponto: existe um desalinhamento entre as expectativas dos alunos e a realidade da profissão, com falta de formação prática, contacto com o terreno e valorização das chamadas soft skills — empatia, comunicação, trabalho em equipa e inteligência emocional.


Por isso, considero fundamental o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal em quem escolhe trabalhar com pessoas. Só assim é possível oferecer experiências verdadeiramente transformadoras e humanas.


Turismo: aprender no terreno e inspirar o futuro


A desmotivação dos jovens universitários também está ligada à incerteza quanto ao futuro e à perceção de que tirar um curso pode não garantir realização profissional.


O mesmo estudo aconselha reforçar a oferta formativa em contexto prático, com mais horas de estágio e oportunidades reais de ligação ao setor.


E aqui também entra a importância de dar a conhecer projetos inspiradores e novas perspetivas, como os roteiros feministas, por exemplo, que mostram que o turismo pode ser um espaço inclusivo, educativo e sustentável.


Importa trazer mais aos cursos de turismo: prática, componente cultural, patrimonial e humana. O turismo é uma economia fantástica, mas não podemos esquecer que é feito de pessoas para pessoas.


Creio ser fundamental acolher a desmotivação dos alunos, escutá-los e inspirá-los. Mostrar-lhes que o turismo tem espaço para criatividade, propósito e impacto positivo.


Projetos autênticos e conscientes, criados por pessoas autênticas, criativas e preocupadas, podem transformar a perceção que muitos têm do setor e, quem sabe, reacender a vontade de construir algo diferente.


No final, o maior reconhecimento é ouvir de um estudante:

“O seu trabalho é inspirador, e seria maravilhoso ter algo parecido na minha cidade.”

E foi exatamente isso que um deles me disse.


grupo de estudantes num roteiro feminista em setúbal

Roteiros feministas: turismo que educa, inspira e inclui


Os tours feministas são muito mais do que visitas guiadas. São experiências educativas, inspiradoras, transformadoras e empoderadoras, que dão visibilidade às mulheres que moldaram as cidades e convidam à reflexão sobre o papel feminino na história, no património, nos lugares e na sociedade.


Mesmo que seja apenas a andar pelas ruas de Setúbal, contar histórias de mulheres silenciadas e, ainda assim, tão presentes, é uma forma poderosa de educar, inspirar e promover empatia.


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Com carinho,

Vanessa

 
 
 
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