No artigo de hoje, falarei de um tema fundamental e que está intrinsecamente ligado ao meu trabalho: a igualdade de género e turismo. Pode parecer, à primeira vista, que estes dois tópicos estão em esferas distintas, mas, no desenrolar do artigo, vamos explorar as camadas profundas e descobrir como se entrelaçam e como podemos fazer a diferença, especialmente através de walking tours feministas em Lisboa.
Turismo e a Igualdade de Género
O turismo é o maior empregador e, curiosamente, é o setor que mais mulheres trabalhadoras tem. Estima-se que cerca de 54% da força de trabalho no setor é composta por mulheres. Porém, são as que menos cargos de liderança ocupam.
O que é o turismo?
De uma forma muito simples, o turismo corresponde a um conjunto de atividades que uma pessoa desenvolve no decorrer das suas deslocações.
Ou seja, o turismo é a prática de viajar para um lugar que não seja o da residência habitual com o propósito de lazer, adquirir conhecimentos, negócios ou outras motivações. É um setor que abrange uma vasta gama de atividades, desde visitar monumentos históricos, museus, fazer walking tours, participar em festivais e eventos, explorar a natureza ou até experimentar a gastronomia local.
É uma das maiores indústrias globais, que gera empregos, promove o desenvolvimento económico e facilita as trocas culturais.
Lisboa, por exemplo, é um destino turístico em destaque. Na verdade, é o terceiro destino mais procurado para o verão de 2024. Séculos de história, com uma cultura vibrante, arquitetura deslumbrante e hospitalidade calorosa, cada viajante que pisa a capital portuguesa contribui para a sua economia, enquanto descobre inúmeras histórias que Lisboa tem para contar.
O que é a Igualdade de Género?
A igualdade de género significa que mulheres e homens têm condições iguais para exercerem plenamente os seus direitos humanos e para contribuírem para o desenvolvimento económico, social, cultural e político e dele beneficiarem.
Raparigas, rapazes, mulheres e homens são perfeitamente capazes de fazer as mesmas coisas, mas, acima de tudo, de serem respeitados nas suas diferenças.
Cada pessoa que vive no planeta Terra deve ter as mesmas oportunidades para desenvolver as suas capacidades, fazer as suas próprias escolhas e participar plenamente na sociedade.
~
Promover a igualdade de género não é apenas uma questão básica de direitos humanos, mas também uma estratégia (muitas vezes negligenciada) inteligente para promover sociedades mais saudáveis, pacíficas e prósperas.
Feitas as contas e se o ritmo continuar como está, serão necessários 134 anos para atingir a igualdade de género mundialmente.
Esta estimativa afasta-se drasticamente dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que visam alcançar a igualdade de género até 2030.
Atentando no Relatório Global sobre a Igualdade de Género 2024, Portugal, por exemplo, no ranking de países com maior igualdade de género, encontra-se na 17.ª posição, uma subida de 15 lugares face a 2023.
Turismo e Igualdade de Género: onde se encontram?
O turismo, usado com sabedoria, é uma ferramenta muito poderosa para promover a igualdade de género.
Ao criar oportunidades de emprego e empreendedorismo para mulheres, o setor turístico pode efetivamente ajudar a reduzir as desigualdades. São as mulheres que mais trabalham no setor e as que mais empreendem.
Elas encontram no turismo uma oportunidade de iniciar negócios e também uma liberdade de autodescoberta nas suas viagens, quando entram no espírito de mulheres viajantes.
As walking tours feministas em Lisboa que eu desenvolvo são um exemplo notório do meu empreendedorismo no setor, mas, ao mesmo tempo, um exemplo de como o turismo pode promover a igualdade de género de forma leve, inteligente e cheia de narrativa.
Estes tours feministas não apenas destacam as contribuições das mulheres na história e cultura de Lisboa e do país, mas também proporcionam um emprego (para mim, como solo empreendedora), empoderando-me e oferecendo-me uma plataforma de expressão.
Na prática
Quero partilhar contigo como é a relação entre turismo e igualdade de género, na prática.
Em março de 2024, saiu uma notícia muito interessante.
No relatório anual sobre a situação das mulheres no turismo e hotelaria da Turijobs, uma plataforma de procura de emprego no turismo, uma amostra composta por 1258 profissionais, 57% correspondiam a mulheres com idades entre os 25 e mais de 50 anos.
Nesse relatório, destacam-se os aspetos que considerei relevantes partilhar contigo:
51,8% das mulheres responderam que em algum momento do seu trabalho já experienciaram alguma discriminação de género no trabalho, comparativamente com 28,3% dos homens.
55,6% das mulheres inquiridas afirmaram sentir que o seu género influencia a sua profissão em comparação com 34,9% dos seus colegas homens.
50,8% das inquiridas admitiram sentir que o seu género é um obstáculo no momento em que as tarefas são distribuídas.
No que concerne à promoção no trabalho, 19,8% das mulheres mostraram confiança em ascender a um cargo superior, em comparação com 29,5% dos homens.
Estes dados indicam que a desigualdade aumentou em comparação com o ano anterior. Em 2023, a desigualdade de género rondava os 51% e, em 2024, subiu para 51,8%. O aumento é significativo no sentido em que mais uma vez se atesta a ineficiência das políticas para combater este problema.
Para que a igualdade entre mulheres e homens seja alcançada (e não faço apenas referência ao turismo, mas a todas as áreas), as empresas (e a sociedade no seu todo) devem promover e providenciar o acesso de mulheres a cargos de responsabilidade. Devem, igualmente, implementar uma gestão proativa de equidade salarial, criar equipamentos de recrutamento em questões de género e determinar objetivos para a composição de género na direção, conforme o relatório.
Mulheres e homens devem fazer parte de uma sociedade una, onde nenhuma questão é posta em causa. Ambos devem usufruir dos mesmos direitos, dos mesmos deveres, das mesmas oportunidades. Um exemplo que precisa de ser mencionado é a questão da licença de paternidade. É essencial na luta pela igualdade de género, pois os homens precisam e pretendem ter um papel maior junto da sua família e, em simultâneo, fragilizam o sistema que impõe à mulher o cuidado (quase) exclusivo das crianças.
O empoderamento das mulheres no turismo subsiste e com tendência para crescer, pois, em parte, existe a importância da educação e do treino e, por norma, as mulheres têm graus de escolaridade mais elevados do que os homens. Além disso, o empreendedorismo permitiu às mulheres novas formas de rendimento e maior liberdade.
Uma Reflexão sobre Igualdade de Género e Turismo
O turismo tem um papel fabuloso na promoção da igualdade de género. Ao abrir novos horizontes, permite que muitas mulheres empreendam com muito sucesso.
Por outro lado, é um potenciador da educação e sensibilização sobre a igualdade de género. Cada viagem é uma oportunidade para aprender e desenvolveres-te como pessoa.
Quando participas em experiências turísticas que destacam as histórias e contribuições das mulheres, podes desenvolver uma compreensão mais profunda das questões de género.
Nas tours feministas em Lisboa, por exemplo, conto a história de mulheres extraordinárias que moldaram a cidade. Estas histórias educam e inspiram mulheres (e homens) como tu e, em simultâneo, desafiam perceções e promovem uma maior conscientização sobre a importância destas questões.
Investir na presença feminina torna a sociedade mais colaborativa, justa e igualitária. Ser uma pessoa consciente significa fazer escolhas informadas, éticas e responsáveis. Isto inclui apoiar negócios que promovam a igualdade de género e que têm um impacto positivo nas comunidades locais.
Gostava de te convidar a refletires no tópico do artigo de hoje e que partilhasses comigo as tuas reflexões aqui nos comentários abaixo.
Suporte extra
Se ainda não experimentaste um walking tour feminista, convido-te a juntares-te a mim em Lisboa. Vem descobrir as histórias incríveis de mulheres que moldaram a cidade e a história. 🦋
Até breve!
Comments