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Mulheres na história de Lisboa: um guia completo para descobrir a história feminina na cidade

Atualizado: 7 de ago.


Lisboa, uma cidade assente em 7 colinas, tem uma história fascinante que nos convida a longos passeios à descoberta de ruas, bairros, histórias escondidas e mistérios.


Porém, existe uma parte da história de Lisboa que urge ser (re)descoberta. Trata-se de modificar as narrativas e procurar as mulheres na história de Lisboa.


Porque elas estão lá, sempre estiveram e sempre estarão. E cabe a ti, estar preparada ouvir essas histórias indeléveis. Hoje, trago-te um guia para descobrir a história feminina na cidade. É um novo olhar para os lugares que estamos habituadas a ver.


Estás preparada?


rapariga de casaco colorido ao lado do busto da poetisa sophia de mello breyner andresen


As mulheres na história de Lisboa


A História, essa ciência que permite conhecer o Ser Humano, também se escreve no feminino. É narrada pela voz de mulheres, que mesmo escondidas e oprimidas por vastos séculos, estiveram presentes.


Em Portugal, em 1974, a ditadura mais longa da Europa ocidental caiu, por fim. A emancipação feminina foi finalmente reconhecida, ganhou-se o direito ao voto universal, novos horizontes foram reconhecidos e barreiras que condicionavam a mulher caíram.


Todavia, em épocas passadas, foram muitas as mulheres que apesar das dificuldades lutaram, quebraram barreiras e afirmaram a sua presença numa sociedade machista.


Um livro de histórias finalmente se abre. Capítulos e capítulos preenchem lacunas e a história da cidade é marcada pelo feminino, que se impôs a bom som para que todos ao seu redor a ouvisse.



Guia completo para encontrares a mulher em Lisboa


Mudar a narrativa faz-nos viajar por universos desconhecidos que algures por aí nos gritam para serem encontrados.


Encontrar a mulher em Lisboa incentiva-nos a uma compreensão profunda da sua própria história e, como mulher detentora de uma alma inquieta, preciso de compreender a minha história. E tenho a certeza que tu também!

Um novo olhar para a cidade, museus ou monumentos ajuda a resolver uma lacuna na falta de visibilidade das mulheres na história, na cultural e património.


Comecemos esta bonita viagem.


Palácio Nacional de Queluz


O Palácio de Queluz, monumento nacional desde 1910, é um dos mais bonitos edifícios do século XVIII do estilo rococó feitos na Europa.


Após o terramoto de 1755 e o incêndio da Real Barraca da Ajuda, atual Palácio Nacional da Ajuda, o Palácio de Queluz tornou-se a residência oficial da primeira rainha reinante de Portugal, Dona Maria I.


Um passeio pelas suas salas, saídas de um filme de encantar, e pelos seus mais belos jardins sentimos a presença de uma família real que por ali viveu.


Num período em que a primeira rainha reinante não se encontrava nas suas melhores condições mentais o palácio tornou-se o seu maior refúgio. Não é difícil compreender o porquê. Um lugar calmo e sereno tranquilizou o coração de uma mulher com um poder absurdo que, naquele momento, só queria ser mãe e esposa e chorar os seus.


Dona Maria imortaliza-se!


Um palácio nacional de cor azul, rodeado de jardins e estátuas mitológicas


Assembleia da República Portuguesa


O Palácio de São Bento foi construído no século XVI e começou por abrigar monges beneditos. Ocuparam o mosteiro até 1820, mas logo foram obrigados a abandoná-lo e acabaram por se instalar em Tibães, Braga.


Em 1833, aquando da extinção das ordens religiosas, o edifício foi adquirido pelo Estado e ali instalaram-se as Cortes, o parlamento monárquico. Durante o período da ditadura portuguesa foi batizado de Palácio da Assembleia Nacional e após 1974 ficou-se apenas como Palácio de São Bento.


Aqui, com um olhar audaz e curioso, olhamos para aquela que marcou a história da mulher na vida política portuguesa.


Maria de Lourdes Pintasilgo foi uma das mulheres mais marcantes da vida social, cultural e política do século XX. Todo o seu trabalho realizou-se em torno da luta dos direitos humanos e cívicos.


Desde muito nova que assumiu a liderança de associações e entidades ligadas aos movimentos das mulheres e dos estudantes. Em 1971 foi convidada a representar Portugal na Organização das Nações Unidas.


Até que… a data 1 de agosto de 1979 fica para sempre na memória: Maria de Lourdes tornara-se a primeira (e única até ao momento) Primeira – Ministra de Portugal e chegou ao poder 2 meses após Margaret Thatcher. Portanto, foi a 2 mulher em toda a Europa a ocupar um cargo de extrema importância.


Maria de Lourdes detentora de um espírito sensível, abriu as portas políticas para as muitas mulheres que lhe seguiram as pisadas.


Assembleia da República Portuguesa com bandeira de Portugal
fonte: Assembleia da República


Palácio Pimenta | Museu de Lisboa


O Palácio Pimenta é um bonito exemplo da arquitetura solarenga construído na primeira metade do século XVIII, entre 1744 e 1748.


Não se sabe muito sobre a sua construção, mas tudo indica que terá sido por iniciativa do rei D. João V, com o intuito de ser a residência de Madre Paula do Convento de Odivelas.


Mas quem foi Madre Paula?


Paula Teresa da Silva foi uma freira do Mosteiro de São Dinis e São Bernardo, em Odivelas. Ingressou no mosteiro como noviça em 1717 e ali viveu até à sua morte em 1768.


Madre Paula estará sempre associada à ligação amorosa com D. João V, da qual resultou do nascimento de D. José de Bragança, em 1720.


No mosteiro, a madre superior possuía uns aposentos de luxo, a Torre de Madre Paula, e sabe-se que era aí o local de encontro amoroso com o rei. A torre acabou por ser destruída em 1948.


O Palácio, cenário dos encontros de D. João V, tornar-se-ia residência da família Galvão-Mexia e em 1956 tornou-se propriedade da Câmara Municipal de Lisboa.


Entre 1979 e 1984 foi ali instalado o Museu da Cidade de Lisboa, aberto ao público até agora.


jardins de uma quinta solarenga. Ao fundo quinta solarenga branca
fonte: José Avelar | EGEAC


Clube Estefânia


Em Arroios, o lugar passa despercebido aos olhos dos que passam ali por pressa. Mas esconde-se uma história de resiliência feminina inspiradora!


O Clube Estefânia foi fundado em 1890 e é um dos clubes mais conhecidos de Lisboa. Desde a sua fundação até à atualidade, esteve sempre ligado ao teatro.


Por essa paixão ao teatro, o clube tem protocolo com a Escola de Mulheres – Oficina de Teatro, que privilegia a criação e o trabalho feminino ligado a esta expressão artística. Além disso, pretende promover e divulgar peças escritas por mulheres.


Ora, há 113 anos, este lugar foi cenário de um momento memorável na história da mulher portuguesa. Foi aqui que Carolina Beatriz Ângelo votou para as eleições da Assembleia Nacional Constituinte de 1911. Tornou-se a primeira mulher de Portugal a votar.


Então, no dia 28 de maio de 1911, Carolina saiu da sua casa acompanhada da sua amiga e dirigiu-se até ao Clube Estefânia, onde funcionava a mesa de voto da freguesia de Arroios, e fez história.



edifício em Lisboa com porta verde de ferro
fonte: A mensagem


Metro de Lisboa


A chegada deste meio de transporte Lisboa veio revolucionar a vida dos residentes que sempre o procurou para se deslocar.


Aberto ao público desde 1959, as estações eram sombrias e realmente assustadoras. Afinal, só havia orçamento para a carris. Foi então que se decidiu dar vida ao metro, através dos revestimentos de azulejos que eram baratos.


Os primeiros trabalhos de Maria Keil no metro não foram pagos, mas mesmo assim ela fez o seu trabalho por amor à sua arte.


Maria Keil foi a mulher que deu vida e cor ao metro de Lisboa, e nunca se rebaixou numa época dominada pelo masculino.


Foi uma artista multifacetada: foi pintora, ilustradora, decoradora de interior, designer gráfica e entre muitas outras.

Autora de uma grande maioria das estações de metro de Lisboa, Keil requalificou estes espaços com uma criação artística em azulejo única. Inclusive, ela foi responsável por modernizar o azulejo.


Podes encontrar o trabalho dela em estações como Arroios, Alameda, Areeiro, Roma, Alvalade, Martim Moniz, Intendente, Anjos, Campo Pequeno, Rossio, Entre Campos, Marquês de Pombal e Praça de Espanha.


painel de azulejos verde, branco e azul


Lisboa com uma nova perspetiva


São lugares que, inevitavelmente, estão na boca do mundo. Quem vive em Lisboa conhece e quem visita Lisboa também os conhece.


Porventura, fica o desafio de olhar-lhes com um novo olhar, pois existe sempre uma mulher por detrás.


Seja mediante um passeio ou de uma visita guiada pelos bairros, coração de Lisboa ou palácios e monumentos, existem inúmeras formas de descobrir narrativas fascinantes de mulheres como estas que moldaram não apenas Lisboa, mas todo o país.


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Encontrar a história feminina em Lisboa é uma viagem enriquecedora que nos presenteia, em cheio, com uma nova interpretação da cidade. É um confronto com as atividades turísticas que o turismo tradicional oferece.


Cada mulher mencionada neste artigo contribuiu de uma forma exponencial para a construção de Lisboa que conhecemos hoje, e abriram portas que pareciam impossíveis a mulheres de gerações que vieram depois de si.


Ao explorarmos os lugares e aprendermos sobre a história da mulher, celebramos a sua coragem, a sua memória e o seu espírito indomável.

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Desafio-te a percorreres Lisboa com um olhar atento às narrativas das suas mulheres, e deixa-te inspirar pelas vidas notáveis que ajudaram a construir a essência de uma cidade encantadora, como Lisboa.



Precisas de suporte extra?


Se precisares de um suporte extra, quero que saibas que, além de organizar walking tours femininos em Lisboa para ti e/ou para a tua empresa, idealizei um guia de viagem em Lisboa totalmente gratuito, de modo a conheceres Lisboa de forma independente. Podes fazer o download aqui.


Além disso, sou consultora na produção de artigos e conteúdo no âmbito do património cultural e turismo. Se necessitares de ajuda na escrita de artigos relacionados com estas áreas, estou à disposição para te ajudar.


Alguma questão, não hesites em enviar-me uma mensagem.



Até breve!


Assinatura de Walking Tour with Vanessa. Lê-se "Vanessa"



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