Lisboa é uma cidade fascinante. Ao caminhar pelas suas ruas, somos transportadas não apenas para um cenário presente, mas para um palco de cortina fechada que aos poucos se abre diante de nós. Sabes, é como uma dança entre o passado e presente, entre as histórias contadas e aquelas que permanecem em silêncio. É uma tela em branco que se pinta de memórias, à medida que vamos procurando além do superficial, onde o papel feminino se destaca, muitas vezes esquecido.
Existem narrativas que vão além do convencional. Existem narrativas que nos prendem, que nos cativam e que nos inspiram. A história das mulheres pode ser abordada de variadas formas e, hoje, trago-te um roteiro turístico que as celebram. Que lhes acolhe, valoriza e dá-lhes voz.
Começamos os capítulos. Mas nunca terminamos a história. Sobretudo, aquela que tantos séculos permaneceu fechada, algures numa prateleira a ganhar pó.
Uma viagem no tempo: O legado feminino em Lisboa
Lisboa é uma cidade feminina e, como tal, também conta a história das suas mulheres e os lugares por onde passaram. À medida que nos aventuramos por si, as histórias e memórias chegam até nós. Não podemos ignorar. Elas merecem ser ouvidas. Elas gritam para ser ouvidas.
Roteiro pelos 6 lugares históricos que celebram a mulher em Lisboa
Comecemos o roteiro!
Praça do Comércio: a coragem feminina
A Praça do Comércio não é apenas uma praça monumental - é um testemunho de coragem e perda. Em 1908, a última rainha consorte de Portugal, a Rainha D. Amélia, viu a sua vida mudar para sempre nesta praça.
Aqui, recordamos o seu ato memorável no regicídio do seu marido e filho, que ainda hoje ressoa através das páginas da história. Nesse dia, 1 de fevereiro de 1908, D. Amélia, perante a tragédia, levantou um ramo de flores que trazia ao seu colo e gritou com um dos regicidas para que recuasse. Tentou colocar-se na frente do seu filho para ser ela trespassada, mas em vão.
Naquele dia, a última rainha de Portugal, perdeu quem amava: o seu marido e o seu filho. A Praça do Comércio é um lembrete poderoso da força da mulher para desafiar as normas estabelecidas e lutar pelo que acredita e pelas pessoas que ama, mesmo que isso signifique enfrentar consequências sombrias.
Parque Eduardo VII: o berço do movimento feminista
É um parque tranquilo e agradável, e nele encontra-se um marco importante na história do feminismo português. Foi aqui, em 1975, que teve lugar aquela que é considerada a primeira manifestação feminista portuguesa, marcando o início de uma luta contínua pelos direitos das mulheres do país. No meio da beleza e serenidade do parque, somos lembradas do poder da união e da voz coletiva pela luta da igualdade e justiça.
Clube Estefânia: o segredo do sufrágio português
Aninhado nas ruas de Arroios, em Lisboa, o Clube Estefânia guarda um segredo valioso da história das mulheres em Portugal. Foi neste local que a pioneira Carolina Beatriz Ângelo exerceu o seu direito ao voto, em 1911, tornando-se a primeira mulher do país a fazê-lo. A sua coragem e determinação ecoam ainda hoje, inspirando-nos a nunca subestimar o poder de uma única voz na procura pela mudança.
Assembleia da República: o legado das pioneiras políticas
Não podemos explorar a história das mulheres em Lisboa sem prestar homenagem às primeiras mulheres deputadas portuguesas que pavimentaram o caminho para as gerações futuras. Na Assembleia da República, também conhecido como Palácio de São Bento, lembramos as três primeiras mulheres eleitas como deputadas em 1934 - Domitila de Carvalho, Maria Cândida Parreira e Maria Guardiola. A sua presença, numa era em que Portugal viva uma ditadura que oprimia a mulher, os seus feitos foram marcantes não apenas para abrir as portas para a participação feminina na política, mas também inspiraram uma nova geração de líderes a seguir os seus passos.
Chiado: A mulher da moda
Numa Lisboa oitocentista, Carolina Amália e Josefina Adelaide Brandi Guido foram umas figuras muito assíduas no Chiado. Conhecidas pelas suas vestes extravagantes, peculiares e ridículas, foram apelidadas "Manas Perliquitetes". Ao percorrer as ruas do charmoso Chiado podemos tentar lembrar estas duas irmãs a entrar e a sair das várias lojas de moda.
Mosteiro de D. Dinis: a educação feminina
As paredes centenárias do Mosteiro de D. Dinis, em Odivelas, reside um capítulo fascinante da história feminina. Durante mais de um século, o mosteiro funcionou como o Instituto Feminino de Educação e Trabalho, um local quase sagrado para a educação das mulheres. É aqui que a figura inspiradora da médica e sufragista Adelaide Cabete deixou a sua marca, ensinando e promovendo a higiene, saúde da mulher e educação sexual. A sua presença ainda ecoa pelos corredores, inspirando gerações novas a procurar por conhecimento e igualdade.
Esta viagem pelo legado feminino em Lisboa é apenas um começo. Convido-te a mergulhar mais a fundo, a explorar os recantos escondidos e as histórias não contadas que aguardam a sua descoberta.
E se desejas uma imersão completa na rica história e cultura de Lisboa, convido-te a descarregares o ebook gratuito: Guia de viagem em Lisboa. É uma oportunidade única para explorares o destino de forma mais autêntica e significativa.
A própria história da mulher é um roteiro sem fim, e vamos continuar a escrever novos capítulos.
Até breve!
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