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Alcalá de Henares: a minha viagem por uma cidade encantadora

Vou-te contar uma história. Não sobre Alcalá de Henares. Mas a minha história em Alcalá de Henares.

Uma cidade que me inspirou e extasiou-me por completo. E é meu dever dizer-te já: aponta esse nome porque vais querer lá ir.



Universidade de Alcalá de Henares


Fechei a mala. Cheguei ao aeroporto de Lisboa e apanhei o voo para Madrid. Quando aterrei, por volta das 15 horas da tarde, estava um calor daqueles que só nos faz desejar um refresco e uma ventoinha à nossa frente. Do aeroporto de Madrid até Alcalá de Henares, a viagem faz-se em média 20 minutos.


O objetivo desta viagem era, acima de tudo, acompanhar a minha pessoa favorita num momento importante da sua vida. Concluir uma Pós-Graduação é sempre especial e, ao mesmo tempo, assustador. Deixamos a mala no alojamento e, sem muita demora, fomos de imediato explorar a cidade. Não houve pressa. E durante aqueles 4 dias deixamos nos levar pelo encanto da cidade espanhola.


Do alojamento não ficava muito distante do coração da cidade e em 10 minutos de caminhada estava no destino.

E, quando lá cheguei, a minha alma feminina viajante encantou-se. O tijolo em harmonia com o barroco espanhol eram a própria decoração da cidade. O tijolo nu predominava toda a cidade.


Alcalá de Henares - uma história


Alcalá sempre foi habitada pelo ser humano desde os primórdios. No período romano, durante 400 anos de domínio, a cidade foi uma das mais importantes da Península Ibérica, em parte devido ao aproveitamento do rio Henares e à exploração dos recursos agrícolas.


No curso da história, o império romano cai e quem lhe sucede é a civilização árabe, onde surge o nome que mais tarde se tornaria Alcalá.


Alcalá de Henares assumiu um papel defensivo importante no vale do Tejo durante a reconquista cristã, abraçando-se num recinto muralhados. No interior, vivam em harmonia judeus, muçulmanos e cristãos.


Tardiamente, já no século XIII, Alcalá tornou-se responsabilidade dos arcebispos de Toledo, resultando na construção do Palácio Arcebispado.


Porém, o grande esplender da cidade espanhola foi acompanhada com a chegada do Cardeal Francisco Cisneros que, em 1499, fundou a universidade de Alcalá. O ensino, assim como os próprios estudantes, seguia as regras da ordem franciscana e apesar de ser vocacionada para a teologia e educação eclesiástica, a universidade foi acolhendo outras áreas de estudo como as humanidades, direito, medicina e até a literatura.


Este foi um grande momento para a cidade, já que ela tornou-se na primeira cidade universitária planeada no mundo e serviu de inspiração para outras universidades. Foi tal a importância que, em 1998, foi-lhe concedida o estatuto de Património da Humanidade pela UNESCO.


De facto, a vida universitária vive-se intensamente em Alcalá de Henares. Atrevo-me a dizer que em certos momentos assemelha-se bastante à cidade portuguesa: Coimbra.


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O meu roteiro em Alcalá de Henares


A minha viagem a Espanha foi lenta e sem qualquer intenção de riscar pontos na lista para dar como vista uma infinidade de lugares. Não. Enquanto mulher viajante, opto sempre pela qualidade das minhas viagens em vez da quantidade e, este caso, não foi exceção. O roteiro que te mostro em seguida foi aquele que segui durante a minha estadia em Alcalá.


Na verdade, é possível visitar a cidade em apenas 1 dia, uma vez que o centro histórico é muito pequeno. Porém, distribui os lugares que queria visitar pelos dias que lá estive, até porque em alguns momentos da viagem presenciei uma cerimónia de entrega de diplomas da minha pessoa favorita.



Uma rapariga de vestido roxo no recinto da Universidade de Alcalá


Monastério de San Bernardo


O ponto de partida do meu roteiro na cidade começou aqui, junto a este mosteiro. O mosteiro situa-se na Praça das Bernardas, um espaço tranquilo entre dois edifícios de destaque: o Palácio Arcebispal e o Museu Arqueológico Regional.


O mosteiro é considerado um dos melhores edifícios do barroco espanhol, e foi construído para ser um mosteiro cisterciense feminino, por vontade do arcebispo de Toledo, Bernardo de Sandoval e Rojas, a partir de 1618.


Palácio Arcebispal


Reparei no portão aberto e, curiosa como sou, entrei. O recinto era um espaço amplo e enquadrava-se na perfeição com o edifício. Este funcionou como residência dos arcebispos de Toledo, desde o século XIII até ao século XIX, no entanto, a fachada que vemos atualmente é do século XVI. É, realmente, uma verdadeira obra-prima do estilo barroco, renascentista e mudéjar.


Além dos arcebispos, o Palácio Arcebispal foi a casa de alguns monarcas espanhóis. Exemplo disso, são os Reis Católicos e o nascimento da princesa espanhola e rainha de Inglaterra, Catarina de Aragão. Porventura, o Palácio é mais conhecido por ser o local escolhido pela rainha Isabel Católica, para se reunir com Cristóvão Colombo.


Calle Mayor


O passeio por Alcalá de Henares continuou, até chegar à sua rua mais emblemática - Calle Mayor. Esta rua viu a sua importância a crescer a partir do século XII e, desde essa altura, atuou como uma zona comercial da cidade. Função que ainda predomina presentemente.


Um dos aspetos mais bonitos da rua é o pormenor dos seus alpendres, apoiados em pilares do século XIX. A rua fez-me entrar num período medieval, onde as casas tinham 2 andares: o piso inferior funcionava como comércio e o superior como habitação.


A caminhada por Calle Mayor continuou e parou no número 48.


Casa-Museu de Miguel Cervantes


O número 48 de Calle Mayor foi a casa que viu nascer Miguel Cervantes, um dos mais importantes escritores espanhóis e autor da icónica obra Dom Quixote de La Mancha.


A casa abriu ao público em 1956, e embora remodelada ainda conserva parte importantes de uma casa do século XVI. Ao entrar na Casa-Museu somos recebidas por 2 figuras memoráveis: Dom Quixote e o seu fiel companheiro Sancho.


A entrada é gratuita e quando lá entras descobres uma casa familiar, ainda com muitos originais dos séculos XVI e XVII. No interior, não passa despercebido um poço de pedra, ainda original, que abastecia os residentes da casa.


Confesso-te que a parte que mais gostei de conhecer na casa de Miguel Cervantes foi uma pequena salinha que, no seu tempo, era reservada apenas às mulheres. Era aqui que as mulheres da casa se sentavam para conservar, ler, bordar e tocar instrumentos.


Contudo, não posso negar que senti ali a falta da essência de Cervantes. Senti uma necessidade enorme de me aproximar do escritor, embora estivesse na casa dele.


Rapariga sentada num banco com duas estátuas: Dom Quixote e Sancho Pança

Plaza de Cervantes


No final da Calle Mayor, eis o ponto de encontro dos residentes da cidade: Plaza de Cervantes. Esta praça é de origem medieval, chegando a ser o lugar onde se realizam as feiras anuais, concedidas pelo rei Afonso VII, em 1184. Por adotar, inicialmente, essa função a praça chegou a denominar-se Praça do Mercado.


Num extremo da praça, encontras vestígios subtis da Igreja de Santa Maria, destruída durante a Guerra Civil Espanhola.


Não obstante, é no centro da praça que vemos o seu atual nome. No século XIX, recebeu o nome de Praça de Cervantes, emprestada da estátua de Miguel Cervantes. Bem lá no alto, situada num pedestal, admiramos o escritor que nos aponta uma pluma, em jeito de convite à escrita e à leitura.


Nos dias da viagem, a Plaza de Cervantes foi a nossa companhia e lugar de contemplação, enquanto provávamos os doces típicos de Alcalá, acompanhados da boa cerveja espanhola.


Universidade de Alcalá de Henares


A universidade de Alcalá arrebatou-me por completo. Universidades históricas têm sempre o seu encanto e esta ainda mais.


Foi fundanda por Francisco Cinesros com o nome de Colégio de San Ildefonso e é uma verdadeira obra-prima do renascimento espanhol que se espelha na fachada principal. O edifício foi afetado por diversas remodelações e, por essa razão, resulta numa simbiose de estilos fascinantes.


O salão de Atos, por exemplo, é um verdadeiro exemplo do estilo Cisneros, que combina vestígios de mudéjar com a decoração plateresca.

Rapariga de camisa branca e calças laranja na Universidade de Alcalá

A universidade apenas é visitável na companhia de um guia e tem uma duração média de 45 minutos.


Ao longo da visita, a guia contextualiza o fundador, o tempo e espaço numa voz que nos faz entrar em transe. E, não sendo eu uma guia em Lisboa, fiquei maravilhada por ver uma colega a desempenhar a sua função tão bem. Todavia, naquele momento, eu não a guia, era apenas uma viajante que ansiava ouvir histórias.


A visita pela universidade leva-nos ao Paraninfo Cisteriano, um lugar emblemático onde os estudantes defendiam as suas teses e onde, atualmente, o rei de Espanha entrega o Prémio Cervantes, importante prémio da literatura em língua castelhana.


Durante a visita, ficamos a saber algumas curiosidades muito interessantes: por exemplo, se os estudantes que passavam no exame final deveriam sair por uma porta diretamente para a Praça de Cervantes. À saída, eles tinham de oferecer comida e bebida durante 3 dias e os que não passavam teriam de sair pela porta do burro, com orelhas de burro na cabeça.


O que visitei mais?

Um passeio pela zona da universidade leva-te a encantos saídos de livros de contos e histórias. A lojas locais misteriosas e a segredos fabulosos. O passeio também te leva à Praça e Catedral de Alcalá de Henares que, na minha opinião, tem uma das fachadas mais bonitas que já vi.


Onde comer em Alcalá de Henares?

 

Por Alcalá são diversos os restaurantes que oferecem nos seus menus uma diversidade de tapas. E claro, em Espanha sê espanhola e come tapas.


Ao longo de Calle Mayor existem diversos bares e restaurantes onde podes comer bem e barato. Aquele que mais gostei e comi a melhor paella da minha vida chama-se Lucrecia Cocina de Mercado.


Nas montras das pastelerias e cafés vês alguns dos doces típicos da cidade, como é o caso da Costrada e as rosquilhas. A minha perdição foi a rosquilha que tão saborosa acompanhava o café.


Onde dormi em Alcalá


Como te disse, não fiquei hospedada no centro de Alcalá. Fiquei um bocadinho afastada, mas em tempo referi-me a 10 minutos a pé.

O alojamento que escolhemos foi o Apartahotel Golden Alcala. Paras as nossas necessidades foi perfeito, embora não tenhamos utilizado a cozinha. O quarto era espaçoso, moderno e limpeza esteve sempre em dia.

 

Se algum dia visitares Madrid, não deixes de visitar esta bonita cidade. Ou melhor, não esperes por uma viagem a Madrid e vai diretamente para Alcalá de Hanares. Uma cidade lenta, histórica e cheia de magia. E uma alma feminina viajante, como eu, saí de lá com vontade de voltar, porque devemos sempre voltar aonde somos felizes.

 

Partilha este artigo com uma alma feminina viajante que achas que vai adorar conhecer Alcalá. Não deixes de acompanhar o meu trabalho e, em Lisboa, espero por ti.

 

Até breve,


Assinatura da Walking tour with Vanessa. Lê-se "Vanessa"


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